Em 2025, a inovação continua a ser uma das palavras mais repetidas nos Conselhos de Administração. Mas há um paradoxo evidente: quanto mais se fala em inovar, mais difícil parece fazê-lo com sucesso. Na Europa, os relatórios Letta e Draghi colocam o dedo na ferida: a região enfrenta uma “armadilha tecnológica intermédia”, marcada por baixo investimento, baixa produtividade e estruturas industriais pouco dinâmicas.
Em Portugal, apesar dos avanços, o país continua classificado como “inovador moderado” no Painel Europeu de Inovação.
Então, porque tantas empresas falham ao tentar inovar?
Mesmo com boas intenções, muitas organizações caem em armadilhas previsíveis:
- Inovação desconectada da estratégia– Projetos que não têm ligação clara com os objetivos do negócio acabam por perder tração.
- Falta de cultura de experimentação– O medo de errar bloqueia a criatividade. Sem espaço para testar e aprender, a inovação não acontece.
- Obsessão por tecnologia– Adotar ferramentas sem resolver problemas reais é um erro comum. A tecnologia deve servir a estratégia, não o contrário.
- Falta de talento e retenção– A fuga de profissionais qualificados é um desafio crescente em Portugal.
Exemplos que ensinam…
A. Neuraspace – inovação no setor aeroespacial
A Neuraspace, uma startup portuguesa, desenvolveu uma plataforma baseada em inteligência artificial para evitar colisões entre satélites. Apesar de operar num setor altamente técnico, conseguiu captar investimento europeu e posicionar-se como referência em inovação deep tech.
Lição: Inovação disruptiva exige visão global, mas também foco em nichos críticos e emergentes
B.Travel with Mario – falha por falta de diferenciação
Criada por Mário Mouraz, esta startup pretendia ser um guia digital de cidades europeias. Apesar do entusiasmo inicial, não conseguiu diferenciar-se num mercado saturado e acabou por encerrar. O fundador aprendeu com os erros e criou depois a Climber Hotel, hoje uma referência em soluções de revenue management para hotelaria.
Lição: Inovar sem escutar o mercado é arriscado. O fracasso pode ser um passo necessário — se houver aprendizagem.
C. Spotify – inovação contínua e centrada no utilizador
A sueca Spotify é um exemplo de como a inovação incremental e centrada no cliente pode sustentar crescimento. Desde playlists personalizadas até podcasts exclusivos, a empresa mantém-se relevante num mercado altamente competitivo.
Lição: Inovar não é lançar algo novo uma vez — é melhorar continuamente com base em dados e feedback
D. Kodak – o clássico fracasso por medo de canibalizar o próprio negócio
A Kodak inventou a câmara digital… e arquivou-a. Temia que a nova tecnologia prejudicasse as vendas de filmes fotográficos. O resultado foi a perda de liderança e, eventualmente, a falência.
Lição: Ignorar a inovação por medo de mudança é um erro fatal. Às vezes, é preciso matar o próprio modelo de negócio para sobreviver
Como os profissionais de Consultoria de Inovação podem ajudar a mudar o jogo?
A consultoria em inovação não é sobre trazer ideias de fora — é sobre ajudar a empresa a encontrar o seu próprio caminho, com método, visão e pragmatismo. Como?
- Diagnóstico profundo e realista– Identificar bloqueios invisíveis e oportunidades concretas.
- Alinhamento estratégico– Garantir que cada iniciativa de inovação esteja ligada a objetivos reais e mensuráveis.
- Gestão da mudança e envolvimento das equipas– Criar uma cultura onde a inovação é responsabilidade de todos, não apenas de um “hub” isolado.
- Apoio na adoção tecnológica com propósito– Escolher ferramentas que realmente resolvam problemas e aumentem a competitividade.
Miguel Bonito, Manager da BSO Consulting


